quinta-feira, 24 de maio de 2012

Crisântemo

(Dudu Costa)

O Rio era chuva morena
o morro molhado, nem se sabia a maré

Água saída, água chegada
Repetia-se o céu da tarde aguaceira

Era chuva, salgada, de corte afiado
Que nem ferradura espantava

O céu havia criado gotas eternas:
- devoravam corações incautos

Seu nome ecoava na cabeceira das minhas montanhas
Paroxítona palavra, flor pequenina

Do interior soava a voz que eu ouvia:
cordas banhadas de ouro branco e neblina

Naquela noite alva, sua pálpebra se cercava de lembranças
e os desejos voavam aonde só pode o espírito das aves

O Rio era chuva passante,
o sol que explode quando 
um crisântemo 
destrona 
o anoitecer.




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