Durante muitos anos
o mar torturou minhas noites,
rajadas de sal fustigavam minhas pedras
e me lavavam o limo das rochas.
Já não me lembro quantas ondas
açoitaram meu palato
e zurziram minhas metáforas líquidas.
O mar
furou meus anseios com sua insistência monossílaba
comendo, sórdido,
minhas mulheres e meus poemas mais febris.
Minhas manhãs
foram arremessadas ao azul negro
das crateras oceânicas,
tornei-me escravo de impérios e reinados minerais.
Acordava com o coração assaltado de algas,
inundado por baleias e cardumes
que jamais puderam abandonar
meu corpo totalmente,
meu corpo transbordantemente
água
do mar.
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